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06/11/2018

Quando as digitais se converteram em provas

Os trabalhos científicos ocupam cada vez mais os espaços para a resolução de crimes. E estão na moda em todo o mundo, aparecem em dezenas de séries televisivas e livros, menos no Brasil. Avançam celeremente e resolvem crimes impossíveis pelos métodos tradicionais. A ciência se fez polícia. Mas de onde surgiu essa conversão? Quem descobriu pela primeira vez que uma impressão digital era um método válido para demonstrar a culpabilidade de uma pessoa em um assassinato? A história da datiloscopia, a ciência que se encarrega de estudar a comparação entre impressões digitais, começou há muitos séculos. Tudo começou na antiga China, ao redor dos anos 300 d.C. passaram a usar a impressão das mãos como evidência nos julgamentos de roubos.

Uma coleção de pequenos passos.

Depois da invenção do papel na China – por volta de 105 d.C. -, converteram em prática habitual estampar com tinta uma mão inteira ou um dedo em todas as folhas em qualquer documento do governo. A datiloscopia percorreu desde então um longo caminho do oriente para o ocidente. Foi longa trajetória com diversos protagonistas que aportaram seu próprio grãozinho de areia à consolidação dessa ciência.

Sir William James Herschel, foi o primeiro europeu a perceber o potencial das impressões digitais para a identificação de indivíduos. Ele era oficial do exército britânico na Índia quando, em 1850, começou a incluir essas marcas em todos os contratos.

Em seguida veio Henry Faulds. Um médico que começou a colecionar, em 1880, impressões digitais de humanos e de macacos quando estava no Japão. Quando deu por terminado seu trabalho, Faulds enviou uma carta a Charles Darwin afirmando que as impressões digitais eram a única maneira de nos distinguirmos e eram permanentes. Nesse mesmo ano Herschel foi o primeiro estudioso a publicar em uma revista científica o valor das impressões dactilares como instrumento de identificação.

Alphonse Bertillon era polícia quando desenvolveu o método de identificação antropométrico, utilizando várias medidas de nosso corpo para nos identificar. Com o tempo, seu método se tornou inconfiável. Sir Francis Galton, primo de Charles Darwin, seria o próximo nessa lista de pequenos passos valiosos para as impressões digitais. Sua investigação estava centrada nas questões hereditárias. Encontrou vários coeficientes de correlação no corpo humano através da antropometria. Passou à história por publicar o primeiro livro a tratar de impressões digitais. Mas, enquanto na China a impressão digital estava sedimentada, no Ocidente ainda era uma incógnita.

A prova de fogo 

De origem croata mas nacionalizado argentino, Juan Vucetich trabalhava no Departamento Central da Polícia de La Plata quando se interessou pelo trabalho de Francis Galton. Depois de ler o livro de Galton, idealizou um método para comprovar a correspondência entre as marcas dactilares. Em 1891 pôs em prática esse método em 23 presos.

Corria o ano de 1892 quando o assassinato de duas crianças levou Vucetich à prova de fogo de seu método. As primeiras investigações levantavam a suspeita de que o namorado da mãe das crianças era o assassino. Após muitas torturas, o homem não admitia o crime. Na cena do crime Vucetich encontrou impressões digitais que pertenciam à mãe das crianças. Perante a evidência, a mãe confessou o duplo crime.

Tão só 6 anos depois, a Academia de Ciências de Paris, a mais creditada de todas nessa época, reconheceu publicamente o método de Vucetich como eficaz e o recomendou ao mundo.

Do TSE à polícia?

Na atualidade, a impressão digital transcendeu o âmbito criminal para converter-se em um método de identificação cotidiano. Já está até desbloqueando celulares e tabletes, assim como vale para acessar caixas de bancos. Os Estados Unidos estavam na frente de todos os países com 63.000 coletadas diariamente. O Brasil acaba de ultrapassar os EUA com a coleta das impressões – de todos os dedos – realizada pelo sistema eleitoral. a pergunta essencial é se essas impressões digitais que estão nos bancos de dados do TSE podem migar para os sistemas policiais.

Paradoxicamente, as impressões digitais passaram a ser usadas pelos cibercriminosos. As policias da Europa e dos EUA vem alertando sobre o uso das fotos nas redes sociais que podem ser usadas pelos cibercriminosos. Temos que proteger nossas impressões digitais com mais cuidado.

Mário Sérgio Lorenzetto.

Publicado originalmente em: https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/quando-as-digitais-se-converteram-em-provas

 

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